Seriam questões tecnológicas as principais barreiras da transformação digital organizacional?
A transformação digital reúne estratégias organizacionais necessárias para se alcançar as etapas de maturidade da jornada digital, tais estratégias demandam projetos diferenciados/inovadores para o momento da empresa e um plano de investimento capaz de conduzir o roadmap tecnológico ao longo dos anos. Para termos ideia, em publicação realizada pela Green4T em maio de 2023, as companhias brasileiras investiram cerca de R$ 8,5 bilhões em IoT (internet das coisas) em 2022, em projeção até 2026 este montante pode chegar a R$ 11,2 bilhões, impulsionado pela expansão da rede de 5G no território nacional. Complementando esta base envolvendo a tecnologia, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) publicou em abril de 2023 que no Brasil a maior aplicação da tecnologia IoT está na segurança de instalações (câmeras de segurança inteligentes, sistemas de alarmes, detectores de fumaça entre outros), em segundo lugar vem o gerenciamento de consumo de energia, seguido de manutenção de equipamentos, gestão da logística, atendimento ao cliente e processos de produção. Um dos motivos que me despertou falar especificamente sobre IoT nesta publicação está baseado na publicação do Portal das Indústrias acessado em junho de 2023 o qual apresenta que a Indústria 4.0 aumenta em média 22% a produtividade dos processos fabris, e as principais tecnologias envolvidas neste ganho são: sensoriamento, computação em nuvem e internet das coisas.
Embora os números sejam promissores e exponenciais no Brasil e no mundo, ainda há inúmeras barreiras para a potencialização das tecnologias. Para ABII (Associação Brasileira da Internet Industrial) alguns obstáculos são reconhecidos pelos seus especialistas para a expansão do IIOT (internet industrial das coisas) no Brasil, são eles: Projeto de IIoT desalinhado com a área de TI da empresa, Falta de alinhamento do negócio, Estruturação técnica (ou a falta dela) e Falta de visão dos jovens para uma carreira na área de IIoT. Se formos observar este grupo de barreiras elas se conectam com os três domínios do FEI (Framework for Enterprise Interoperability) explorados em nossa última publicação onde temos as barreiras Conceituais (alinhamento do negócio), barreiras tecnológicas (estrutura técnica e alinhamento com TI) e barreiras organizacionais (com carreiras e retenção). Em pesquisa recente que realizei utilizando como base 3.500 artigos científicos publicados em Jornais de renomes pelo mundo nos últimos 3 anos, identifiquei dois grupos de barreiras que impactam na transformação digital, separei estes grupos em barreiras causais e barreiras que são resultante, para entender neste contexto, quais barreiras podem ser classificadas como as que mais impactam na estratégia da transformação digital empresarial. Como resposta encontrei no grupo das barreiras causais 03 principais: falta de estratégia (para a transformação digital), falta de padrões de interoperabilidade e de compatibilidade de sistemas e a falta de gerência/ liderança qualificada.
Se observarmos a lógica desta pesquisa, a primeira causa para a execução ou o desdobramento da transformação digital organização é a própria falta de entendimento e mobilização da alta direção da Cia de que a jornada precisa fazer parte da estratégia organizacional, o que deixa claro que como projeto estratégico representado pela implementação das tecnologias da indústria 4.0, se não houver um reconhecimento topdown sobre o plano a ser executado, o esforço de convencimento desta iniciativa é muito maior. O desenho das fraquezas estruturais, tecnológicas e organizacionais pode suportar a jornada da transformação digital a partir de planos de ações que cubram estas lacunas, para que haja uma efetividade maior desde o desenho até a implementação e monitoramento da jornada digital empresarial, criando o correto change management visto que toda a cadeia entenderá a preocupação de antecipar-se aos passos preventivos antes de qualquer movimento de execução.
O planejamento estratégico empresarial é uma das metodologias mais antigas e ainda mais eficazes para se chegar, de forma organizada, no entendimento das necessidades organizacionais e alinhamento priorizado dos interesses da Cia em tradução aos projetos estratégicos que suportarão a empresa no curto, médio e longo prazo, ou seja, na Jornada empresarial.