A cultura da transformação
Tenho explorado de diversas formas o envolvimento das pessoas na transformação digital, tanto na literatura quanto na prática, e percebe-se, com base nas discussões com especialistas de tecnologia, que a cultura para a jornada digital ainda é um desafio nas empresas. Mas afinal, como é uma empresa com cultura digital? Para nos ajudar neste entendimento, cito Roger Medke o qual apresenta em seu livro “Transformação digital disruptiva: criando um novo mindset”, que a transformação digital não contempla apenas tecnologia, mas sim uma mudança que envolve também um modelo de governança, de organização, de gestão, de negócio e, sobretudo, de pessoas.
Neste contexto de “mindset digital” o autor fortalece a participação fundamental das pessoas, que determinam e alavancam a mudança na cultura organizacional da organização. Já comentamos em outros artigos sobre a ambidestria organizacional e capacidade estrutural e processual das empresas inovarem, porém a cultura da inovação carrega consigo um teor de gerenciamento de mudança obrigatório nas dinâmicas organizacionais. Uma empresa que busca a transformação digital precisa garantir que a estratégia para a mudança esteja posicionada no local decisional mais alto da Cia, posição esta que direciona, cria o caminho e desdobra o mindset necessário para o sucesso de qualquer iniciativa.
É necessário que a transformação digital determine os caminhos da maturidade cultural o qual deverá ser inserida, para que a promoção do gerenciamento da mudança seja executado. Determinar etapas nos projetos assim como os agentes da mudança ajudará na condução do sucesso das ações. Os projetos em sua maioria criam momentos técnicos (períodos de especificações e conectividade), além dos períodos de validações (testes do modelo proposto e validação das informações), neste momento há uma transição do técnico para visibilidade do valor do projeto em questão, conectando com a etapa de usabilidade (uso intenso da nova tecnologia e entrega técnica do projeto).
O processo da mudança e as pessoas
Para explorar o entendimento sobre a cultura que tanto falamos, apresento Andy Turnbull e seu livro “Change Management for leaders and mangares”, ele comenta que “os indivíduos não mudam a si mesmos; eles são mudados por outros.” Ele continua dizendo que as pessoas são mais propensas a aceitar a mudança quando:
- Elas entendem do que se trata e não se sentem ameaçados;
- Elas ajudaram na criação da mudança;
- A organização tem um histórico de mudanças bem-sucedidas;
- Há algo para elas, como uma carga de trabalho reduzida;
- O resultado é razoavelmente certo;
- Elas ajudaram no planejamento do que será implementado
- A liderança da organização apoia visivelmente a mudança.
Um processo de gerenciamento da mudança deve ocorrer desde o início do processo, envolver as pessoas (principalmente o cliente interno), em um processo em que elas possam ajudar a projetar cria nelas uma sensação de controle e envolvimento, comenta Andy Turnbull, gerando o pertencimento e apropriação necessária para o mindset, para a mudança cultural.